Africa Basquetebol

20 dezembro 2011

MOÇAMBIQUE : LIGA NACIONAL DE BASQUETEBOL EM SENIORES MASCULINOS: Regresso do Ferroviário!

TIRANDO a incontornável possibilidade de o Maxaquene vir a revalidar o título, este ano basquetebolístico era visto como sendo do Desportivo, a avaliar pelos seus sucessos ao longo da temporada. Só que, e tal como já vem sendo apanágio dos próprios “alvi-negros”, no momento capital viram o Ferroviário a regressar em força e recuperar o pedestal de honra.

A despeito de algumas correntes criticarem severamente o figurino este ano adoptado pela Liga Nacional de Basquetebol para a disputa da prova máxima em seniores masculinos, argumentando que o sistema de “play-off” teria sido mais produtivo, competitivo e conferiria ao campeão maior legitimidade, não resta a menor dúvida que o evento acabou, também, por valer pela sua emotividade, particularmente nas meias-finais e na final, onde se encontraram as quatro melhores formações do país, razão bastante para a “catedral”, mais uma vez, se orgulhar da sua sumptuosidade pelo numeroso público que para ali acorreu sábado e domingo.
Vindo praticamente do nada, isto é, fora das conjecturas de “todo o mundo”, o Ferroviário soube, sempre que foi necessário, se comportar a preceito e ganhar os dois jogos imprescindíveis para ser campeão, já que o figurino da prova assim o advogava: primeiro, foi no sábado, face ao Ferroviário da Beira; depois, no domingo, perante o Desportivo por dois pontos (68-66), ao cabo de uma final extraordinariamente emocionante.
Carlos Aik, que se lançou como treinador ainda jovenzinho, nos fenomenais “tricolores” da década de oitenta, por longo tempo optou pela classe feminina, onde manteve o reinado no Maxaquene e no Ferroviário, somente quebrado por Nazir Salé. Agora, decidiu regressar aos seniores masculinos, e fê-lo pela porta grande, à frente de um conjunto relativamente menos cotado na bolsa de valores.

Alto sentido prático
Os “locomotivas” não apresentaram um basquetebol que claramente desse nas vistas, do ponto de vista técnico e da sua elaboração – aliás, na final de domingo tiraram mais partido das perdas de bola do adversário do que propriamente de lances por si urdidos. No entanto, tiveram uma virtude indissolúvel: foram essencialmente práticos em todos os sentidos, com maior realce para a contra-ofensiva. Mais: em nenhum momento perderam o equilíbrio psicológico, mesmo naquelas situações em que os “alvi-negros” se aproximaram perigosamente da igualdade.
Conhecendo-se a forma impulsiva com que Octávio Magoliço encara os desafios, cedo o Ferroviário viu esta sua unidade nuclear a braços com problemas de faltas: a dois minutos da conclusão do primeiro período já tinha três – à semelhança de Igor Matavele, jogador pendular do Desportivo. Evidentemente que, para se precaver do pior, tendo em conta que ainda havia muito jogo pela frente, Carlos Aik mandou Magoliço para o banco, onde passou cerca de metade da contenda. Mesmo assim, sempre que foi chamado para as quatro linhas, o destemido jogador esteve igual a si próprio.
E como Custódio Muchate, outro artista que não poupa esforços quando é para vencer, estava a carburar muitíssimo bem, tal como Gerson Novela – o único que actuou durante 40 minutos – e o seu “caçula” Ermelindo, o Ferroviário tinha, pois, as condições criadas para o triunfo. Como acréscimo, as alternativas que o técnico foi introduzindo ao longo da partida, nomeadamente Sete Muianga, Edson Monjane e Francisco Macaringue, também corresponderam, acabando por emprestar à equipa uma notável capacidade competitiva.
ALEXANDRE ZANDAMELA