Africa Basquetebol

29 setembro 2011

AFROBASQUETE MALI 2011 - Faustosa festa em ritmo de treino

À excepção de alguns minutos iniciais, caracterizados por muita pressa – e a pressa é inimiga da perfeição -, o desafio de ontem, face ao Gana, transformou-se numa verdadeira festa. Uma faustosa festa que produziu uma retumbante vitória por 106-37 e em ritmo de treino, tendo em conta já os quartos-de-final, amanhã, diante da Nigéria.Maputo, Quinta-Feira, 29 de Setembro de 2011:: Notícias


Perante uma das formações mais fracas do Afrobásquete Mali-2011, já se calculava que a selecção nacional fecharia com chave de ouro a primeira fase da prova e até certo modo se redimir do cataclismo do dia anterior, diante das anfitriãs malianas. E, como o prometido é devido, as nossas jogadoras cumpriram a preceito a sua vontade férrea de “esmagar” as ganesas e desse modo recuperarem o seu astral, considerando a delicadíssima etapa que bem aí, em que todo o cuidado será extremamente pouco.
Com Valerdina Manhonga impossibilitada de actuar, por se encontrar a braços com uma febre, o seleccionador moçambicano, mesmo assim, não se apoquentou, pois as alternativas, para o tipo de jogo que pretendia expor contra o Gana abundavam em absoluto. Vai daí, por exemplo, que contrariamente ao habitual, fez alinhar de início Ruth Muainga para fazer parelha com Deolinda Ngulela, em vez de Anabela Cossa. Para completar o cinco, chamou Cátia Halar, Ana Flávia Azinheira e Leia Dongue.
Constituída desta forma, era inegável que o objectivo primário era não dar quaisquer chances às adversárias e começar cedo a construir o seu castelo, de forma a evitar possíveis dissabores. Com os níveis de ansiedade a pesarem demasiadamente a equipa, esta começou por não acertar tal como se impunha, resultando daí em inconcebíveis perdas de bola, lançamentos mal efectuados, tentativas de triplo em vão, mesmo estando claro que as ganesas, pela sua ingenuidade, em nenhum momento poderiam pôr em causa a qualidade do basquetebol da nossa selecção.
E ainda bem que Carlos Alberto Niquice cedo detectou que, a manter-se aquele estado de coisas, a preparação do encontro dos quartos-de-final corria o risco de se transformar numa partida em que seria obrigado a levantar-se do banco e acompanhar o desenrolar dos acontecimentos com algum receio. Mandou a equipa acelerar e deixar de improvisar desnecessariamente, porquanto tudo estava claro. A oposição praticamente não existia e cabia somente à turma moçambicana criar e fazer o jogo que se lhe impunha.
E assim estava aberto o caminho extraordinariamente fácil para o triunfo. Numa e noutra ocasião o ritmo podia baixar, no entanto, com este ou aquele conjunto de jogadoras nas quatro linhas a selecção portava-se a contento, dando-se até ao luxo de efectuar várias experiências de ordem táctica, lançamentos a meia e curta distância, com Deolinda Ngulela, Filomena Micato e Cátia Halar a destacarem-se.
Inicialmente agressivas na defesa, as ganesas não tinham nenhum poder de argumentação. O seu basquetebol é declaradamente bastante fraco e restava-lhes apenas acompanhar o ritmo das moçambicanas, feito sem pompa, pois tal nem sequer era necessário. Apesar de tudo, valeu ao Gana o facto de nunca virar a cara à luta, a despeito de todos os contratempos. Os 37 pontos que marcaram ao cabo dos 40 minutos da contenda reflectem exactamente aquilo que são como equipa e, acima de tudo, a sua expressa vontade de aprender, parafraseando a sua treinadora, Salamane Al Hassan, a única do sexo feminino a dirigir uma selecção neste Afrobásquete.
Ora, com os quartos-de-final marcados já para amanhã e nos quais Moçambique enfrenta a Nigéria, terceira classificada do Grupo “B”, depois de ontem ter derrotado o Ruanda, resta saber se o ensaio e a faustosa festa proporcionados pelo despique com o Gana terá eco no terceiro frente-a-frente com as nigerianas em menos de um mês, tendo em conta os dois embates travados em Maputo, durante os Jogos Africanos.
Na bancada do pavilhão do Estádio Modibo Keita, a assistir à retumbante vitória da nossa selecção, várias antigas glórias do basquetebol continental, que esta noite serão homenageadas por ocasião do meio século da criação da FIBA-África. Entre elas estiveram Esperança Sambo e Aurélia Manave, que no final travaram um diálogo de incentivo às atletas, sobretudo tendo em consideração o grande jogo de amanhã.
Jogaram e marcaram: Deolinda Ngulela (16), Ana Flávia Azinheira (13), Anabela Cossa (3), Cátia Halar (16), Filomena Micato (16), Leia Dongue (22), Ruth Muianga (0), Ondina Nhampossa (7), Odélia Mafanela (9) e Deolinda Gimo (4).