Africa Basquetebol

03 abril 2009

MOÇAMBIQUE : Qualificação para o Afrobásquete Líbia-2009 - Solidificar o pragmatismo para superar os sul-africanos


A SELECÇÃO Nacional de Basquetebol de Seniores Masculinos precisa de carinho, mas, primeiro, precisa de se acarinhar a ela própria. Precisa da confiança do público, no entanto, antes tem que se confiar ela mesma. Esta equipa, treinada por Carlos Alberto Niquice (Bitcho), tem tudo para obter a qualificação rumo ao Afrobásquete Líbia-2009, porém, deve, no seu seio, transmitir-se um forte espírito de conquista, de irreverência e acima de tudo de gosto por aquilo que ela faz. Não se pede que tenha um Dominguez para amanhã “arrasar” os sul-africanos, mas Custódio Muchate, Gerson Novela, Sete Muianga, Octávio Magoliço, Luís Barros, Jerónimo Bispo e companhia são referências suficientes para não deixar cair em saco roto a esperança de estarmos, por mérito próprio, na elite da bola-ao-cesto continental, em Agosto próximo.

O adversário chamado África do Sul mostrou, quarta-feira, que é muito forte e uma vez mais vem com a lição bem estudada. Com o claríssimo objectivo de nos fazer engolir sapos vivos, em plena “catedral”, à semelhança do que sucedeu no apuramento para Argélia-2005. Faz um jogo essencialmente inteligente, isto é, deixar o adversário comandar o marcador à vontade, porém, nunca permitir uma diferença acima do superável. Espera o momento próprio para o xeque-mate, conforme vimos no último quarto de hora, em que a força ofensiva dos seus jogadores e a grande capacidade de concretização vieram ao de cima, acabando por justificar o triunfo por 70-68.

E agora? Esta noite, a partir das 19.00 horas, no pavilhão do Maxaquene, frente ao Zimbabwe, a turma moçambicana tem a missão de ensaiar e aprimorar todos os aspectos que o técnico julga importantes para superar os sul-africanos, amanhã, na mãe de todas as batalhas. Bitcho tem que aproveitar o modesto adversário de hoje para fundamentalmente puxar pelo pragmatismo dos atletas, pelo jogo ofensivo e tentar – porque não é em plena competição que se aprende isso – fazer com que o aproveitamento dos lances livres no mínimo seja eficaz. Porque, como ficou evidente na quarta-feira, temos um défice aterrador neste aspecto.

Se, no futebol, os ingleses anulam num ápice uma desvantagem de dois/três golos, será que os nossos basquetebolistas se sentem amordaçados para superar os dois pontos de desvantagem? É preciso reconhecer que realmente não será fácil, pois os sul-africanos revelaram um instinto matador que faltou à nossa selecção, principalmente nos momentos cruciais, mas acreditamos na reviravolta, desde que a confiança e a vontade de ganhar estejam presentes na equipa.

Amanhã, um dia preferencialmente bom para as jornadas basquetebolísticas, e à semelhança do que sucedeu domingo passado no Estádio da Machava, o pavilhão do Maxaquene será uma verdadeira onda vermelha pronta para “sufocar” os sul-africanos e, no final do embate, festejarmos a transição de Moçambique para o Afrobásquete Líbia-2009. Mas tem que haver atitude e acima de tudo responsabilidade dos jogadores, em cada segundo e em cada lance.
Entretanto, no desafio realizado ontem, África do Sul derrotou Zimbabwe por 82-41.

* ALEXANDRE ZANDAMELA