Africa Basquetebol

04 março 2009

ANGOLA : Hegemonia angolana em África está longe de terminar


O vogal do conselho de disciplina da Federação Angolana de Basquetebol David Dias disse hoje, em Luanda, que o país vai continuar a liderar, por pelo menos mais cinco anos, a modalidade no continente africano, a julgar pelo investimento do Governo neste sector e o nível competitivo dos seus executantes.

Falando à Angop sobre as possibilidades de o cinco nacional conquistar o 10º título continental em 2009, na Líbia, o ex-internacional angolano foi peremptório a afirmar que a hegemonia angolana está ainda longe de terminar, pois selecções tidas como potenciais adversárias (Nigéria, Senegal e Mali) revelam alguma falta de organização comparativamente a Angola.

Argumentou ser constante, por parte destas equipas, a concentração tardia de atletas, alterações profundas e falta de entrosamento.

David Dias descartou igualmente a hipótese de os novos “inquilinos” no pódio africano (Camarões 2º e Cabo Verde 3º classificados no Afrobasket2007) destronarem Angola dentro deste espaço de tempo, alegando não possuírem campeonatos internos bastante competitivos.
“Apresentaram-se bem no Afrobasket passado, com muitos jogadores que actuam no exterior e chegaram a estas posições, mas creio que não terão a mesma base e isso deixa-me convicto no êxito do conjunto nacional, que apesar de mudanças opta sempre por manter grande parte da sua estrutura”, disse, considerando a prova interna factor determinante para o sucesso da selecção.

Na sua óptica, o actual campeonato nacional está bastante disputado com o surgimento das formações do Recreativo do Libolo, Desportivo da Huíla e Promade de Cabinda, as quais considera promissoras, e a introdução de jogadores estrangeiros nalgumas destas equipas, pelo que defende a necessidade de a selecção continuar a trabalhar, entre outros, os aspectos organizativo, técnico,cultura táctica e disciplinar, a fim de se manter no topo.

Referiu que o sentimento de competitividade dos jogadores tem sido de elevada responsabilidade, diferente do dos adversários e nem a baixa estatura tem influenciado em provas do género”, pois a equipa obteve nove títulos nas últimas dez edições (desde a primeira conquista em 1989, em Luanda, perdeu apenas o Afrobasket de Dakar-97, no Senegal).

Quanto ao abandono do base Miguel Lutonda e a possível não integração do extremo-base Carlos Almeida, dois dos melhores jogadores dos últimos dez anos no país, David Dias sublinhou que, embora seja baixa considerável, estas situações não deverão impedir o sucesso da equipa nacional na Líbia.
“Embora sem o mesmo rendimento que estes, num lote de cerca de 18 jogadores haverá outros, mas cada um à sua altura”, sublinha, escusando-se a avançar nomes.

Aconselhou calma sobre o assunto, pedindo aos amantes da modalidade, e não só, para que se consciencializem, uma vez que as saídas acontecem tarde ou cedo com qualquer atleta e estes dois casos não são excepção. No seu entender, a equipa técnica que dirige uma selecção normalmente tem políticas e formas de se preparar para saber gerir situações do género, principalmente quando as mesmas surgem com certo tempo de antecedência a uma prova.

David Dias evocou o processo de renovação que, inevitavelmente, tem se verificado no cinco angolano, o qual registou já, além da sua saída, o abandono de Aníbal Moreira, José Carlos Guimarães, Jean Jacques da Conceição, Ângelo Vitoriano, entre outros jogadores influentes na conquista de títulos continentais.
"Isto é próprio da vida, por muito bom que seja um atleta, tarde ou cedo abandona. Estes não são excepção e temos que nos consciencializar, pois eles saem mas o basquetebol não morre", afirmou, sem descurar a capacidade técnica e o contributo dado por Carlos Almeida e Miguel Lutonda.
Seis vezes campeão africano pela selecção (a última foi em 2001, no Marrocos), David Dias, 40 anos de idade, jogou no 1º de Agosto durante muitos anos e em meados da década de 1990 se transferiu para o basquetebol português, representando o Clube de Queluz, Sport Lisboa e Benfica, além de uma curta passagem pelo Barreirense. Uma hérnia discal forçou-o a abandonar as quadras em
2002.
Lutonda deixou de representar a selecção em Agosto de 2007 após a conquista do Afrobasket, em Luanda, enquanto Carlos Almeida anunciou a intenção um ano mais tarde, no final dos Jogos Olímpicos de Pequim2008.